Tuesday, April 09, 2013

A vida nunca tem um sentido singular, mas sim plural.

Há quem diga que a vida começa às segundas-feiras.
"Hoje é que é. Hoje vou começar tudo do princípio, organizar-me e fazer tudo o que quero."
Há quem diga que hoje é o primeiro dia do resto das suas vidas, mas isso para um ávido fã de Sérgio Godinho torna-se penoso, pois só passando noites em claro, é que o primeiro dia do resto das suas vidas se torna maior que as ditas vinte e quatro horas.
Há a vida socialmente aceitável em que amamos a nossa família e somos criados junto dela, tenha ela a forma que tiver, e a vida em que anseamos por ter uma nova família. Depois há uma nova vida junta dessa nova família que temos.
Há também quem comece uma nova vida a partir do momento em que vê nascer a sua primeira cria, ou vê morrer o seu primeiro progenitor, um grande amigo ou um grande amor.
Há ainda quem sofra uma grande mudança de visual ou de localização e diga que vai mudar de vida.
Há também doenças que nos mudam a vida, vivências, experiências, dissabores.
Há a vida dentro do trabalho perante o olhar curioso de quem só ali nos conhece e nos tenta julgar fora do mesmo, e há aqueles rasgos de vida que mostramos aos mesmos nas breves pausas que tomamos dentro do horário de trabalho, que lhes dá uma percepção sobre o que poderá ser a nossa vida embora seja uma achega muito pequena e provavelmente imparcial do que é na realidade a nossa vida.
Depois há a vida que se sonha em ter, há a vida que se vive nos sonhos e ainda a vida que se realmente tem. Esta última divide-se ainda em mais duas vidas: uma é a vida como a vemos, como a sentimos, como a percebemos, como a queremos; a outra é como mostramos como a vemos, como a sentimos, como a percebemos, como a queremos. E estas duas últimas são sempre muito difíceis de explicar e de viver, pois as nossas vozes interiores têm um dialecto que para todos os outros comuns mortais é considerado como extraterrestre e por vezes até por nós próprios.
Posto isto, torna-se difícil dentro de todas as vidas que temos, escolher uma para documentar.
Principalmente, quando se é "jovem" (insira aqui a designação para esta palavra que melhor lhe convir) e maior parte da nossa vida ter sido maioritariamente vivida em sonhos. Até porque tomar uma decisão é algo que pode demorar uma vida.

1 comment:

Rrose said...

que doce, a mudança é sempre mudança, qualquer uma é significativa quando só de mudança se trata. Depois, volta tudo ao mesmo, voltas a mudar, a ouvir o Sérgio e a cantares com ele, mudas de amigos e de casa, no fundo queremos sempre fugir de nós e de todos os outros. é cansativo, querer sempre mudar porque pensamos que é disso que nos vamos alimentar, eu não sei nada, ninguém sabe nada, sabemos apenas que temos esses rasgos de necessidade absoluta de mudar.

 
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