Monday, March 17, 2008

Sunday, March 16, 2008

miudas suburbanas part II

abro a janela e a rua está vazia.
o sol que se pôs de manhã, já se foi embora, mas mesmo assim, o céu padece sereno, nada como eu desejava. queria que chovesse, que estivesse um tempo frio, aqueles que não gosto, para me aconchegar no meu desconforto.
a rua continua sempre vazia, e o dia ainda agora começou.
o meu nem sequer terminou. os olhos que se queriam fechar, agora teimam em manter-se abertos, em focar-se em nada. trinta e duas horas e meia a dormir acordada e os pés inchados.
ouço a única música que vai confortar a perca desta sanidade.
estou calma, o que estranho, já me doeu o coração, ainda há pouco, as batidas do mesmo faziam lembrar carpas a tentar escapar duma rede de pesca. com força, força, força! mas sufocadas!
não me consegui libertar disso porque estou calma...
ainda estranho..
às vezes preferia ter uma visão futura sobre as escolhas a tomar em certos momentos que nos parecem insignificantes. gostava que fossem apresentados os prós e contras de uma escolha e da outra.
embora pensando racionalmente de uma forma meio egoísta em relação a mim própria gostasse de ter escolhido outra saída, se não tivesse escolhido esta, mataria o momento.

e o português abriga-se na palavra saudade e esquece os momentos.
porque o momento passa e a saudade fica.
o momento passa e a saudade volta.
e lá se foi o momento.

mas foi.

Wednesday, March 12, 2008

para quem os sinos tocam

Uma noite igual a tantas outras, ofereceu-me paixão.
Plantei-a num terreno fértil, diferente de todos os outros em que já havia plantado.
Não sei se foi da plantação, que não me cheirava nem sabia às que já tinha conhecido e gostava, ou se era do terreno. Mas plantei.
Durante meses a fio, não a reguei nem tratei.
Deixei que a natureza a criasse e fizesse crescer.
Até que num dia sem destino, nasceram delas as mais belas rosas vermelhas, lisas, aveludadas, quase da côr do sangue.
Do meu sangue!
Belas, compridas, carnudas, gordas, pétalas, muitas, milhares delas!.. a encher aquele terreno cada vez mais bonito, apetecível e envolvente!
Quando me apareceu uma visita inesperada em minha casa, deliciou-se a vê-las e disse:
"Oh! Nasceu aqui uma bela amizade!"

Quis despertar...



p.s.: sei de cultura popular que as rosas vermelhas costumam ser de paixão, amor, e as amarelas, de amizade, etc. mas também já li num livro sábio que é exactamente o contrário. só não consegui encontrar um documento na internet que o provasse.

Wednesday, March 05, 2008

só, acto II


abrev.,
somente;
adj.,
apenas;
unicamente;
exclusivamente.

Encosta o teu peito contra o meu.
Deixa-me pousar o meu olhar pesado no teu ombro, e banha-me com as cordas da guitarra.
Quero-te abraçar, quero que me acolhas.
Como uma mãe aninha o seu filho quando está febril.
Na música do amor, só quero o conforto, mesmo que não percebas porquê.
Porque é assim que te quero. Sombra que não percebes. Que me deixes só no meu sofrimento martirizante.
Embala-me, só.

só, acto I


do Lat. solu
adj.,
solitário;
que está sem companhia;
ermo;
único;
isolado;
afastado da convivência social;
s. m.,
aquele que vive só.


Encosta o teu peito contra o meu.
Deixa-me pousar o meu olhar pesado no teu ombro, e banha-me com as cordas da guitarra.
Quero-te abraçar, quero que me acolhas.
Como uma mãe aninha o seu filho quando está febril.
Na música do amor, só quero o conforto, mesmo que não percebas porquê.
Porque é assim que te quero. Sombra que não percebes. Que me deixes só no meu sofrimento martirizante.
Embala-me, só.
 
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