Tuesday, May 26, 2009

linda

P.J. Harvey - The Letter


Put the pen
To the paper
Press the envelope
With my scent
Can't you see
In my handwriting
The curve Of my g?
The longing

Oh

Who is left that
Writes these days?
You and me
We'll be different
Take the cap
Off your pen
Wet the envelope
Lick and lick it

Oh

I need you
The time is running out
Oh baby
Can't you hear me call?

It turns me on
To imagine
Your blue eyes
On my words
Your beautiful pen
Take the cap off
Give me a sign and I'd come running

Oh
It's you
I want you

Monday, May 25, 2009

enevoado

[num destes dias; provavelmente confusos.]

Andas-me a trincar os calcanhares
para ver se desfaleço
porque sabes que não estou em posses de cair.

Já vi o precipício,
senti o cheiro da terra molhada,
colhi as ervas daninhas
e desfiz-las em pedaços pequenos.
Para saborear o poder
que é não sentir mais nada.

Friday, May 22, 2009

o mar

por falar em mar, água, rio, gotas, lágrimas, taínhas, chuva, ondas e maresias..

Jimmy Cliff - Many Rivers To Cross

Monday, May 11, 2009

um punhado de palavras

[num domingo destes, à tarde]

Conheci um feto que cresceu, e hoje teria mais ou menos a minha idade.
Mas afoguei-o.
Afoguei-o em tragédias e dramas.
Afoguei-o em estórias deste mundo e do outro.
Estórias que se crê que sejam da minha cabeça.
Molestei-o tanto que me pediu que o afogasse.
Hoje, o seu corpo reside na terra.
Mas a sua alma não descansa.
Anda comigo para todo o lado.

Friday, May 08, 2009

Morrer Onde Não Quis Ter Nascido

Esta forma de estar é desconcertante.
Saberei eu o que é importante?
Viver ou guardar na memória
O calor do que já vivi?
Morrer talvez agora, só se for neste momento
neste auge do meu tormento.

Porque odeio toda a gente
quero amar quem não sei
percorra eu ruas ou galáxias,
seja quem me dói ou me desdém.
Porque odeio e não suporto
nem a mim nem a ninguém.

Só eu sei o que não quero saber
Ou prolongar.
Só eu sei que o Passado me foi...
luz
Que o Passado me é
fado.
Tudo fluía e agora pergunto-me:
A que foz fui dar?
Não sei nadar nestas
Águas estagnadas saturadas
Ora quentes ora frias;
Nestes mesmos quatro cantos
Ou mar onde morro e onde não sei
ser salmão e escapar;
Remar e remar corrente acima
E morrer onde nasci.

Filipe Costa Campos in Mar de Silêncios
 
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