Saturday, March 25, 2006

uma nódoa com taquicardia

A água escorre-me pelo peito, a mão não quer enxaguar. A mente não a deixa.
Está demasiado ocupada. A água escorre-me dos olhos. O quente aquece. Superficialmente. Aquece dentro. O grande aquece-o.

Aquele ser aquece-me, escalda-me. Tu, apenas me dás latejâncias na cabeça. No cucuruto, na testa. Um tumor no pescoço. Não é díficil, sou um ser humano como tu. Mas tu não me compreendes. Não te queres deixar invadir pela minha elouquência. Pelo meu prazer de pensar.
Pelo meu segundo nível de elasticidade de desempenho preguiçoso à vista comum. Ao olho comum.
A dôr que me penetra por entre as fibras de algodão e unhas lascadas.
As minhas pestanas colam-se com as tuas palavras.
Fazes-me afirmar o que já sei. Di-lo! Espeta-me um garfo na perna. Torce-o.
Mas não te esforces muito. Lá dentro já se tornou impossível de cicatrizar.

Tuesday, March 07, 2006

Bom Apetite


Mísera no mísero estado de miseridade.
Miseravelmente sorvendo um sumo de cevada num mísero estabelecimento.
Miseridade poderosa, numa apoderação da não-miseridade, não condolência, não-pena.
A não-solidão.
Vivências e subestimação.
Crenças políticas, viáveis, não viáveis.
Políticas em termo de palavra específica não contornada ao seu ímpeto comercial.
Vícios e obstáculos, a não convivência dos membros sensoriais descoordenados.

Sunday, March 05, 2006

ditadura dentro da minha personagem

fe-ro-mo-nas-con-fu-são-ca-ri-ca-tu-ra...............Dia mestre. Hoje comanda a outra. É ela que comanda. Ela que quer ditar as regras do meu outro ser. Ela que quer ficar por cima a cavalgar. Ela que acha que pode mexer na caldeirada, deitar as mãos ao nódulos de massa e destruí-los com seus dedos. Com seus punhos fechados.
Ela que não me deixa ir buscar um copo de água para matar esta secura. Esse copo de água sólido, palpável. Que o arranca com as unhas e esgravata. Uma noite de sono poderá matá-la, ou simplesmente adormecê-la, até reaparecer novamente sob um pretexto de solidão ou incoerência. Ou mesmo auto-estima.

"BATE-LHE!" Vou-lhe bater, afogá-la, matá-la, sequestrá-la e esquartejá-la. Beijá-la, amá-la, fodê-la.

Wednesday, March 01, 2006

O que é a arte..?


O que faz dele dizer que é artista? Que lhe dá esse direito? Que lhe dá o direito de me-o esfregar na cara, cuspir-me como se eu nada fosse. Pisar-me. Mesquinhez. Mesquinhice. Mesquinho.
Desfaleço.
Puxa-me.
Mostra-me a arte. Mostra-me isso, mostra aos outros todos o que fazem, o que é a arte deles. Este quadro, aquele caco, aquela escrita, aquele pedaço de carne, aquela nota, aquele pão, aquele ponto, aquela vela, aquele barco, aquele voo, aquela mente, aquele passo, a sua cara, a sua mão.
Deu-me a mão e empurrou-me da janela. Aterrei de barriga num soalho que pensei ser mais duro do que já era. Conclusão: embati num chão mais duro do que era, mas o ressentimento foi apenas vocal. Um suspiro sonoro seco. Falei-lhe de música, calou-me com fita adesiva, obrigou-me a levantar e foi-me mostrar corpos quentes. Moles, sem sabor, não se mexiam. Parados apenas, com um leve fio de baba a sair de suas entranhas. Seguimo-las e encontrei-te. A ti e aos outros. Todos dementes. Dementes à procura e ensonados, acordados de um sono, que já haviam acordado à muito, mas nunca pasmado sobre. Uns rodavam, outros submetiam-se aos jogos tradicionais, dançando com um copo de vidro na mão, em cacos. Explosão de futilidade e ignorância aos factos que ocorrem. Tanta merda dita, não se chega a lado nenhum. Agarro na tralha, desisto atiro-me para a frente, acordo suado na minha cama, no meu quarto. Escuro, tapado com a luz da indiferença proveniente do resto da casa. Dirijo-me a uma superfície, passageira de peões, peço dinheiro para justificar os pensamentos que não deveria ter. Amanhã sonharei outra vez. Amanhã vais voar mais alto. Amanhã baterás com a cabeça na parede e verás que o outro lado da estrada está mais perto. Caligrafia.
Artistas reunidos, poetas. A poesia da vida, traz-me-a num pudim. Aborrece-me. Pára o tempo.
 
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