Monday, December 15, 2008

folhas soltas

mais um dia de pinturas.
foi-me informado que limpasse o armário.
ao invés, limpei umas gavetas e a secretária.
encontrei.. papéis de multibanco, bilhetes de autocarro/metro/comboio, flyers de eventos, releases de artistas portugueses, folhas pequenas, folhas grandes, folhas fartas, tudo escrito até a ponta da caneta (ou do lápis) se cruzar com o horizonte da folha.

nelas.. palavras sem sentido. prossegue o estudo.
(o começo com a frase já mais que batida: "cada vez mais se torna insuportável respirar neste mundo". neste mundo insano, acrescento.)

Enquanto a cabeça esvoaça, e o sorriso teima em rasgar para o erguer de um novo dia, o coração palpita ferozmente e as fossas nasais entopem.
O corpo passa a ser mais uma máquina, porque a alimentação que lhe é servida, de manhã, ao almoço, e ao jantar, está poluída de futilidades, egoísmo, e malícia.
O soro que salva esta vida é incerto como o tempo.
Como o frio, como a chuva, como a trovoada, como a neblina, como o sol, como o calor, como a lua..

Tuesday, November 25, 2008

confidências

vasculhando entre velhos papéis neste antro onde durmo, encontrei um postal que me fora enviado em outros tempos. 1998, penso.
nele, entre tantas outras coisas vem um P.S. que diz o seguinte:
"não penses demais nas coisas: sente-as."

Monday, November 17, 2008

ode às taínhas

suja como a taínha.
essa que não me compreende, lembras-te?
eu suja como a taínha, e ele?
puro.
do mais puro que já conheci.
não o posso sujar.
quero-me limpar mas estas escamas não me saem.
falta-me a lingua aguçada para as limpar, os dentes saudáveis para as roer.
por mais que tente, esta sujidade não sai.
esta demência não tem cura.
não me posso misturar.
é como as taínhas. não se misturam com o mar.
se há as que se misturam, então é para lá que vou. para me limpar.
mas não sei onde é.
eu bem tento falar com elas, pode ser que me ouçam.
mas nem com a demência potenciada ao máximo elas me ouvem.
limitam-se a nadar a nadar a nadar, em busca de nada. ou em busca de tudo. e não encontram. morrem.
libertam-se?
não sei.
vou continuar a nadar? não sei.
se calhar vou procurar esse tal mar.
azul, primário.
gosto demasiado de vocês para vos fazer mal.
vou nadando. boiem.

Saturday, November 15, 2008

d'O louco

Além-Tédio

Nada me espira já,nada me vive
Nem a tristeza nem as horas belas.
De as não ter e de nunca vir a tê-las,
Fartam-me até as coisas que não tive.
Como eu quisera, enfim d'alma esquecida,
Dormir em paz num leito d'hospital...
Cansei dentro de mim,cansei a vida
De tanto a divagar em luz irreal.
Outrora imaginei escalar os céus
À força de ambição e nostalgia,
E doente-de-Novo, fui-me Deus
No grande rastro fulvo que me ardia.
Parti. Mas logo regressei à dor,
Pois tudo me ruiu...Tudo era igual:
A quimera, cingida, era real,
A própria maravilha tinha cor!
Ecoando-me em silêncio, a noite escura
Baixou-me assim na queda sem remédio;
Eu próprio me traguei na profundura,
Me sequei todo, endureci de tédio.
E só me resta hoje uma alegria:
É que, de tão iguais e tão vazios,
Os instantes me esvoam dia a dia
Cada vez mais velozes,mais esguios...

Mário de Sá Carneiro

Wednesday, October 29, 2008

dôr

dói-me tanto.
sinto a carne a rasgar, a cabeça a inchar. as lágrimas caem, os maxilares desdobram-se em mil. a dôr não passa. anda adormecida.
afastem-se de mim, deixem-me passar. finjam que não estou cá.
idolatrem a minha máscara, mas não se aproximem
imaginem uma redoma em torno da minha pessoa. intocável. como a maçã de adão. envenenada.
leiam relatos, catástrofes.
desenganem-se aqueles que me dizem que tudo isto é minha ilusão.
nada é ilusão se não tem um porquê.
se tem um porquê é real, pode-se apalpar, mexer, consertar.
mas aqui não há um porquê, não há uma explicação. não há um kharma justificável.
não sabemos por que vidas andamos a pagar. não sabemos os erros que cometemos, se os que cometemos não foram graves. foram humanos.
sempre ouvi dizer que tudo torna para nós. todo o mal que distribuímos torna para nós.
eu não sei do meu.


hoje é o papel da vítima. normalmente é o outro.
há que ser original.

Kings Of Leon - Closer


nota: precisa-se paciência. já não há sono que me ature, lençóis que me embrulhem com gosto, nem letras que vomitem o que sinto. estou aborrecida, apática, sem forças.

Tuesday, October 21, 2008

Mãe

Aldina Duarte - Mulheres ao Espelho [2008]



Mãe
Mãe, eu quero ir-me embora - a vida não é nada
Daquilo que disseste quando os meus seios começaram
A crescer. O amor foi tão parco, a solidão tão grande,
Murcharam tão depressa as rosas que me deram -
Se é que me deram flores, já não tenho a certeza, mas tu
Deves lembrar-te porque disseste que isso ía acontecer.

Mãe, eu quero ir-me embora - os meus sonhos estão
Cheios de pedras e de terra; e quando fecho os olhos,
Só vejo uns olhos parados no meu rosto e nada mais
Que a escuridão por cima. Ainda por cima, matei todos
Os sonhos que tiveste para mim - tenho a casa vazia,
Deitei-me com mais homens do que aqueles que amei
E o que amei de verdade nunca acordou comigo.

Mãe, eu quero ir-me embora - nenhum sorriso abre
Caminho no meu rosto e os beijos azedam na minha boca.
Tu sabes que não gosto de deixar-te sozinha, mas desta vez
Não chames pelo meu nome, não me peças que fique -
As lágrimas impedem-me de caminhar e eu tenho de ir-me
Embora, tu sabes, a tinta com que escrevo é o sangue
De uma ferida que se foi encostando ao meu peito como
Uma cama se afeiçoa a um corpo que vai vendo crescer.

Mãe, eu vou-me embora - esperei a vida inteira por quem
Nunca me amou e perdi tudo, até o medo de morrer. A esta
Hora as ruas desertas e as janelas convidam à viagem.
Para ficar, bastava-me uma voz que me chamasse, mas
Essa voz, tu sabes, não é a tua - a última canção sobre
O meu corpo já foi há muito tempo e desde então os dias
Foram sempre tão compridos, e o amor tão parco, e a solidão
Tão grande, e as rosas que disseste que um dia chegariam
Virão já amanhã, mas desta vez, não as verei murchar.

Maria do Rosário Pedreira










[nota: não é dedicado à minha mãe. é dedicado a outros. aos sonhadores, aos iludidos. aos perdidos, aos que acreditaram, aos que continuam a acreditar. aos solidários, aos solitários, aos saudosos. aos infelizes. que se fodam os felizes. aos egoístas. gente feliz deve ser aquela que nunca se questionou nem questiona.]

Friday, September 26, 2008

come and live with me

não consigo exprimir o que sinto quando ouço esta música ou vejo este vídeo.
é muito forte.
muito intenso.
muito nosso.
muito eu.

Massive Attack - Live With Me


It don't matter, when you turn
Gonna survive, live and learn.
I've been thinking about you baby
By the light of dawn, and in my blues
Day and night, I been missing you

I've been thinking about you baby,
Almost makes me crazy,
Come and live with me

Either way, win or lose,
When you're born into trouble you live the blues

I've been thinking about you baby

See it almost makes me crazy child
Nothing's right if you ain't here
I'd give all that I have just to, keep you near
I wrote you a letter and tried to make it clear
That you just don't believe that, I'm sincere.

I've been thinking about you baby...

Plans and schemes, hopes and fears
Dreams i've denied for all these years

I've been thinking about you babe, living with me, well.....
I've been thinking about you baby, makes me wanna...child

Nothing's right, if you ain't here
I give all that I have just to keep you near
I wrote you a letter darlin', trying to make it clear
How much you just don't believe that I'm sincere.
Thinking about you baby, I want you near me

Wednesday, September 17, 2008

és

és o que crias.
és o que te consome.
és o pedaço de merda que evitas pisar.

Tuesday, August 05, 2008

ENCERRADO

Este blog está temporariamente ou definitivamente (ainda a decidir) encerrado, para obras.
Até um dia destes, próximo ou não.

Monday, July 21, 2008

o café que nunca bebi

Unimos as chávenas em tom de brinde.
Tu, porque batalhei para tomar um pouco do teu tempo, e não me conhecias. E isso dava-te gozo, apesar do teu mau feitio e desconfiança nos humanos.
Eu, porque te encontrei, ao fim de muitos anos de luta.
Assim que parei de lutar, apareceste tu.
Devia ter ficado feliz, por saber que existias. Mas nem sei o que sinto. Estou envolvida em sentimentos mórbidos, sem destino nem porquês. Não sei se sorria, se chore.
Sei que no meu silêncio, apenas eu me compreenderei.
Visita-me nos meus sonhos.
Viajo por tanto lado que por certo irás passar perto de mim.
Sinto saudades tuas, das conversas que não tivémos, do tempo que estive afastada de ti.
Nos primeiros dias senti-me em baixo. O meu propósito era ser uma formiga e ao fim do dia beber um copo de vinho e rever as tuas memórias.
Nos seguintes meses, não sei como me senti. Mas espero que bem melhor.
Porque se te encontrei, foi com o propósito certo.
Entristece-me que nunca me tivesses encontrado.
Mas daqui a uns tempos isso acontecerá.
E nessa altura, provavelmente serei eu que nunca te vou encontrar.
Padeceste do meu mal.
E a vida fez-te pagar por isso com mais anos de vida do que pensavas que irias ter, ou mesmo que querias. Também te deu força para seres quem és, quem foste.
Encontrei-te no meu presente, minha alma-gémea.
Mas tu és agora passado. E eu, vou ser o futuro.


um pequeno update deste post

Sunday, July 13, 2008

O degradé do amor às paixões (ou a decadência do humano).

Tempos infinos, dedicados ao amor.
Rumos, caminhos, olhos abertos, trocados, com estigmatismo.
Chega a altura em que estima o amor-próprio, e tapa-se o gargalo da garrafa. Tudo meu, todo meu.
Continua-se a dar importância ao amor, ou não fosse ele, tema de conversa habitual com a própria pessoa.
Surge a primavera. Surge o frio. Surge uma nova etapa.
Um novo caminho, cheio de arco-íris e flores pretas.
Ao entrar por ele, venho descobrir uma nova faceta à qual não estou habituada, nem nunca me conheci.
Há paixões.
Há muitas.
Há desejo carnal.
Há a necessidade.
Há a necessidade dos carinhos, dos olhares, dos cheiros, dos sabores, do prazer, do MOMENTO.
Há o presente.
E não há o futuro.
As flores pretas caem-nos sobre a cabeça, como fortes pingos de chuva desalinhados. Aqueles que nos chateiam, mas que pouco tempo depois já não nos incomodam, pois são tantos e é tão recorrente que começa a fazer parte do clima-mãe.
Acabam-se as paixões. Mas continua a necessidade.
Acaba-se a necessidade. Mas continua sempre o MOMENTO.
O caminho nunca mais acaba. Mas já se vê o fim.
Já se vêem as últimas pedras da calçada.
Surge a tua mão. A tua mão suave que agarra a minha.
E apesar de toda a minha inconsciência, sentir o toque da tua mão, foi o que mais gostei neste caminho inteiro.

Sunday, June 29, 2008

beijo-te

beijo-te para me beijar
veijo-te para me veijar
vejo-te para me ver
bejo-te para me ber
beijo-te para me beijar
veijo-te para me veijar
veijo-te para me vier
beijo-te para me bier

de uma maneira ou de outra, é o que faço. beijo-te para me beijar. para me amar.

Tuesday, June 03, 2008

monte de carne inútil


o mesmo sonho outra vez.
a mesma música a ecoar na cabeça vezes sem conta.
o meu desejo de partir, mas não posso. já tenho férias marcadas.
não sei que fazer, vou ter que me aguentar.
trancar a porta a sete chaves e só sair para trabalhar.
mais duas pedras de gelo se faz favor.
destróis-me toda.
tu, ele, os outros, elas, eu.

estou com a cabeça a marinar. culpa tua? culpa minha?
culpa minha, claro.
aqui o monstro faz sempre mais do mesmo.
vivo comigo e continuo a ter que viver.
falta a força no braço.
falta a força na cabeça.
falta o descrer que tudo melhora.
portanto, cá vou ficando. e cá vou existindo.
e cá vou destruíndo para me construir.
e para me destruir.
sinto falta dos dias em que vou dormir e nada me falta.
sinto falta de chegar à hora de me deitar e pensar que o dia não foi só aquilo.
que tenho uma razão para aqui estar e me deitar e dormir.
porque é que as horas de sono não passam já e me deixam ir trabalhar?
não quero ir dormir.
quero ficar acordada a sentir o cheiro da urina nas vielas a secar, a ver a decomposição das beatas, a ver cacos de vidro de garrafas e a imaginar a vida que segurou nelas. a ouvir o silêncio, e o susto de um passo. a ouvir a mesma música que ecoa na minha cabeça vezes sem conta quando estou num sonho que nem é pesadelo nem mais que realidade.
"é isto? o dia acabou? amanhã há mais disto? não quero."

empranha-me. será essa a solução?
bate-me. esta?
esfola um animal à minha frente.
DIZ-ME QUE ME AMAS.
esbofeteia-me com realidade. MAS FORTE.
uma que me corte o cabelo, de preferência às navalhadas.
deixa-me nua no meio da avenida e espera a minha reacção.

amanhã já sei que a monotonia do dia se vai encarregar de me fazer sorrir.
mas não queria nada.
quero sair daqui.
estou presa nestas quatro paredes, neste cheiro a oriente, com estes vidros azuis, estes cremes gordurosos, estes postais de lisboa do século passado, nesta aldeia mesquinha, neste corpo, neste corpo.
ai este corpo.
cada vez encolhe mais.

surdos mudos


4% é bom.
está a crescer.
deixem-me palavras.
cada vez me confundo mais com a minha própria escolha na sondagem.

Monday, May 26, 2008

..A PERFURAR


[pensei que este sentimento já não existia.
pensei que já tinha os poderes suficientes para o controlar.
aliás... este sentimento nunca o controlo, vem volta e meia. mas as condições em que vem, é que me fazem confusão.
pensei que já me conseguia controlar, estava quase a sentir-me dona do meu mundo.
saber ser fria, saber não ter os sentimentos quando quero.
tê-los se alguma vez os quisesse ter.
não os queria ter nada agora, juro.
algo está a falhar.
ou então sou só eu que me estou a precipitar e a julgar que este sentimento de infelicidade mórbida, justificado pela minha bipolar persona, é culpa tua. ou de apareceres.
ou melhor, de quando não apareces.
às vezes onde não olhamos bem e embarcamos por aventura, é onde tropeçamos e nos magoamos a sério.
a merda dos cascos.

o que vale é que daqui a pouco já me estou a rir. e a rir, e a rir, e depois passo para a vivência André Rieu, e lá vou estar eu no meu mundo de felicidade mórbida. nojenta quase.

pensava mesmo que estava a conseguir controlar.
]





escrito um destes dias, afinal estava-me mesmo a precipitar.
um viva à bipolaridade emocional repentina.
ou afinal não.

Monday, May 19, 2008

sondagem

gosto de ver que há opiniões distintas.
estou a gostar destes 2% que prefeririam viver sem sentimento.
digam-me coisas, contem-me estórias.

jaz aqui


mensal como o meu corpo manda.
é como me apareces. é como me relembro do que me disseste no passado.
é isso, e é também quando te vejo. se não te vir, quase que não me lembro.
enerva-me.
queria chorar, queria ouvir músicas deprimentes, queria-me embriagar de nostalgia e cheiros esquecidos (não por mim)..
..mas não me deram esse espaço.
amanhã é um novo dia, e não me devo lembrar de ti, por isso não te cruzes comigo.
quero-me ir embora daqui, quero ver outras caras.
tu não me mereces, nem és tu quem procuro. estou só a passar por uma fase em que me apetece beijar-te e reviver o que não tive contigo. por isso, vai-te, ou vou-me eu.
mas ajuda-me, porque isto cansa.
sim, é para ti.
passado este tempo todo, tenho que me desdobrar por algum lado, ou querias o quê..
o meu corpo é pequeno, e agora que entrei no mesmo jogo que o teu, não seria de esperar outra coisa.
espero é não ser o teu "eu" para outra pessoa que se cruze comigo. isso ainda seria pior do que isto. porque isto eu aguento bem.
é como te digo, é mensal..
e só quando te cruzas comigo.

Sunday, April 27, 2008

.

Faith No More - Evidence


If you want to open the hole
Just put your head down and go
Step beside the piece of the circumstance
Got to wash away the taste of evidence

Wash it away (evidence)

I didn't feel a thing
It didn't mean a thing
Look in the eye and testify:
I didn't feel a thing

Anything you say, we know you're guilty
Hands above your head, you won't even feel me

You won't feel me (evidence)

.

.

.

.

.

.

.

é daquelas músicas... não mata, mas mói.

Monday, March 17, 2008

Sunday, March 16, 2008

miudas suburbanas part II

abro a janela e a rua está vazia.
o sol que se pôs de manhã, já se foi embora, mas mesmo assim, o céu padece sereno, nada como eu desejava. queria que chovesse, que estivesse um tempo frio, aqueles que não gosto, para me aconchegar no meu desconforto.
a rua continua sempre vazia, e o dia ainda agora começou.
o meu nem sequer terminou. os olhos que se queriam fechar, agora teimam em manter-se abertos, em focar-se em nada. trinta e duas horas e meia a dormir acordada e os pés inchados.
ouço a única música que vai confortar a perca desta sanidade.
estou calma, o que estranho, já me doeu o coração, ainda há pouco, as batidas do mesmo faziam lembrar carpas a tentar escapar duma rede de pesca. com força, força, força! mas sufocadas!
não me consegui libertar disso porque estou calma...
ainda estranho..
às vezes preferia ter uma visão futura sobre as escolhas a tomar em certos momentos que nos parecem insignificantes. gostava que fossem apresentados os prós e contras de uma escolha e da outra.
embora pensando racionalmente de uma forma meio egoísta em relação a mim própria gostasse de ter escolhido outra saída, se não tivesse escolhido esta, mataria o momento.

e o português abriga-se na palavra saudade e esquece os momentos.
porque o momento passa e a saudade fica.
o momento passa e a saudade volta.
e lá se foi o momento.

mas foi.

Wednesday, March 12, 2008

para quem os sinos tocam

Uma noite igual a tantas outras, ofereceu-me paixão.
Plantei-a num terreno fértil, diferente de todos os outros em que já havia plantado.
Não sei se foi da plantação, que não me cheirava nem sabia às que já tinha conhecido e gostava, ou se era do terreno. Mas plantei.
Durante meses a fio, não a reguei nem tratei.
Deixei que a natureza a criasse e fizesse crescer.
Até que num dia sem destino, nasceram delas as mais belas rosas vermelhas, lisas, aveludadas, quase da côr do sangue.
Do meu sangue!
Belas, compridas, carnudas, gordas, pétalas, muitas, milhares delas!.. a encher aquele terreno cada vez mais bonito, apetecível e envolvente!
Quando me apareceu uma visita inesperada em minha casa, deliciou-se a vê-las e disse:
"Oh! Nasceu aqui uma bela amizade!"

Quis despertar...



p.s.: sei de cultura popular que as rosas vermelhas costumam ser de paixão, amor, e as amarelas, de amizade, etc. mas também já li num livro sábio que é exactamente o contrário. só não consegui encontrar um documento na internet que o provasse.

Wednesday, March 05, 2008

só, acto II


abrev.,
somente;
adj.,
apenas;
unicamente;
exclusivamente.

Encosta o teu peito contra o meu.
Deixa-me pousar o meu olhar pesado no teu ombro, e banha-me com as cordas da guitarra.
Quero-te abraçar, quero que me acolhas.
Como uma mãe aninha o seu filho quando está febril.
Na música do amor, só quero o conforto, mesmo que não percebas porquê.
Porque é assim que te quero. Sombra que não percebes. Que me deixes só no meu sofrimento martirizante.
Embala-me, só.

só, acto I


do Lat. solu
adj.,
solitário;
que está sem companhia;
ermo;
único;
isolado;
afastado da convivência social;
s. m.,
aquele que vive só.


Encosta o teu peito contra o meu.
Deixa-me pousar o meu olhar pesado no teu ombro, e banha-me com as cordas da guitarra.
Quero-te abraçar, quero que me acolhas.
Como uma mãe aninha o seu filho quando está febril.
Na música do amor, só quero o conforto, mesmo que não percebas porquê.
Porque é assim que te quero. Sombra que não percebes. Que me deixes só no meu sofrimento martirizante.
Embala-me, só.

Wednesday, February 27, 2008

poema

Isto é um poema que foi escrito por uma miuda, doente terminal de cancro, num hospital em Nova Iorque. Leiam, é belíssimo, e trasmite uma mensagem fundamental.

SLOW DANCE
Have you ever watched kids
On a merry-go-round?
Or listened to the rain
Slapping on the ground?
Ever followed a butterfly's erratic flight?
Or gazed at the sun into the fading night?
You better slow down.
Don't dance so fast.
Time is short.
The music won't last.
Do you run through each day
On the fly?
When you ask
How are you?
Do you hear the reply?
When the day is done
Do you lie in your bed
With the next hundred chores
Running through your head?
You'd better slow down
Don't dance so fast.
Time is short.
The music won't last.
Ever told your child,
We'll do it tomorrow?
And in your haste,
Not see his sorrow?
Ever lost touch,
Let a good friendship die
Cause you never had time
To call and say,'Hi'
You'd better slow down.
Don't dance so fast.
Time is short.
The music won't last.
When you run so fast to get somewhere
You miss half the fun of getting there.
When you worry and hurry through your day,
It is like an unopened gift....
Thrown away.
Life is not a race.
Do take it slower
Hear the music
Before the song is over.

Saturday, February 23, 2008

descoberta

ao fim de 24 anos, 113 dias, e algumas horas.. descobri o impensável.
descobri a minha alma gémea. mas não a conheci. daí a frustração e ainda não saber como me hei de sentir, ou como o descrever. fiquei bastante feliz na altura, completamente pasmada, boquiaberta, etc etc.. até descobrir que já tinha falecido.
aí só se apoderou de mim a saudade, mágoa, e dúvidas.

pequena biografia de Hubert Selby, Jr.
página oficial

Wednesday, February 20, 2008

tu, a noite, e a música

Tones On Tail - You, The Night and The Music

Sunday, February 17, 2008

para fernando



Claro que te amo.
Mas Passo bem sem ti
.
Sem tabaco e' que
não.*

ainda bem que a vida nos cruzou
*por ele

Friday, February 08, 2008

a nós

votar não morde.
digam-me, preciso de saber. também eu sou voyeur.
votem aqui ao lado. s.f.f....

urgente: lobotomia



caro Deus, preciso que me entretenhas com outra coisa sem ser amor e paixão.
já estou farta, já me está a furar o coração e não quero brincar mais.
queres mesmo que faça uma lobotomia?

p.s.: o.s.t. by Faith No More - "Evidence"

Tuesday, February 05, 2008

update a "odeio-te"

relativamente a este post, reutilizei-o, e como fruto da 2ª via serviu para contextualizar uma nova imagem. espreitem aqui.

Friday, February 01, 2008

segunda carta

Olá..
Desta vez escrevo-te porque não sei desenhar.
E só me vem uma imagem à cabeça.
A do meu sonho.
A do meu acordar.
Brincávamos que nem adolescentes depois de mais uma noite de "paixão" juntos.
Eu fingia que tinha cócegas, só para me agarrares mais e mais.
Só te queria ali, por mais um minuto. Para não te dizer nada, e quando partisses, descansar na minha dor.

Esta foi a segunda carta que te escrevi, e rasguei.

Palavras para uma imagem.

Tuesday, January 15, 2008

miuda, não te consigo apaziguar a alma

- deixar de ter medo e entregar-se? ou entregar-se para reviver esse medo?
- quando deixamos de acreditar nas pessoas, o que nos resta é acreditar.

AMAR DÓI TANTO! adoro quando me dizem o contrário. e eu é que sou a problemática. a que não vê as coisas simples, a que complica.
é simples: é bonito, é bom, é viver, é partilha, é conhecimento, é felicidade, é saudade, é tudo. e quando não há? quando morre? quando parte? é dôr.

para me explicarem como se mexem uns ovos, ninguém me fala nos movimentos pendulares nem rotativos com que se deve manusear a mão. dizem-me "bates com o garfo, mexes com ele, só".

simples.
ai mas o amor é tão bonito.
adoraria chacinar quem inventou a palavra "contradição".
e "mar de rosas".

mas porque é que ninguém me deixa dormir nesta casa??

Wednesday, January 09, 2008

TANTA COISA MEU DEUS


Agora sou eu
24.01.06

Jogo com o pensamento.
Cuspo no sentimento.
Penso no que jogo,
tento-me deixar ir.

Tremo e sorrio, indago e suspiro, páro e recomeço, recordo e permaneço.
Reavivar...
A alma e o pensamento cruzam-se e unem-se, quebrando então numa louca parafernália de questões que os coloca em posições opostas, numa roda viva que torna a nossa mente louca também.
Concordo e repenso, chocam uma com a outra, obedecem e respiram por si próprias como se de outro ente se tratasse.
Vivem por mim e fogem para locais desconhecidos e/ou distantes, incapacitando-me de me apegar e compreendê-las.
Drogo-me e atento no espírito incandescente que não é mais que descrito como tal. Arde e puxa o intelecto de volta para mais uma noite louca de paixão com a minha alma, que se evade em poucos segundos devido a incongruências inexplicáveis.
É-me díficil compreender-me.

onde foste?

onde foste ó inocência?

Abraça-me
23.01.06

O poder do inconsciente que é o mero consciente.
A acção do presente que cobrimos com a desculpa do inconsciente em acção. Mais uma vez é o poder do momento invocado para discursar o próprio sentimento, que nos diz e demonstra o saber, cheirar, querer e ver. Viver.
Alimento-me de cheiros, de pessoas, de passeios pedestres na 3ª pessoa, de gaivotas que esvoaçam sobre o cais, de tudo em geral, mas principalmente em particular. Ao pormenor, sem ditados, não regrada, o que é, o que seja. Eu estou aqui para o viver, e sabe-me bem. Partilhar os sentimentos, os conhecimentos, o nada, e um pouco do que sei. Aprender e sugar o que me querem e não querem transmitir. O poder da mente, e o poder das palavras. Dar a volta à questão, brincar com a inteligência, testar, ser testado, soltar palavras sem nexo, e colhê-las com um enorme sorriso físico ou psicológico, tendo a certeza que é bom viver. E ansear por mais momentos destes, pois tudo o que vem, é recebido de braços abertos.

essência

25.01.06

Sinto o rasgar agressivo que puxa as minhas costelas como se fossem asas de porcelana.
Expande-se a um conhecimento notório que me obriga a pôr a cabeça para cima e me força a repetir vezes sem conta a mesma frase.

Medusas do lago

O calor de serem apanhadas,
a adrenalina de fugir, quando no último segundo um pé submerso se aproxima.
O poder de emitir carinho, sendo intocáveis, e o gosto que é observar e admirar a perfeita felicidade.
No seu próprio egoísmo, é conservada a energia dos outros, tocando-lhes levemente com a ponta de seus dedos.
 
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