Saturday, March 24, 2012

peish

Quando abri os olhos ainda estava dentro de água.
Esquisito, pensei. Ao me libertar desta goma, era suposto respirar somente ar. Mas era só água que existia à minha volta.
Nadei, nadei, nadei, e comecei a perder noção do mundo à minha volta.
A minha mãe já estava bem longe, os meus irmãos haviam seguido o seu caminho.
E agora que faço? Já sei, vou continuar a nadar.
Sinto falta de ter sido criança. Já ouvi estórias e pareceram-me todas bastante agradáveis. A ingenuidade, a descoberta, essas coisas todas bonitas que se perdem quando crescemos.
Não me lembro de as ter tido. Quando nasci, já era grande, e o ar que respirava estava todo dentro de água.
Nado sozinho, sempre nadei. Adoro o mar, por isso o persigo, sempre à espera que me mostre algo de novo. Mas por mais voltas que dê, acabo sempre por navegar nas mesmas ondas.
O que mais me custa é não conseguir fechar os olhos.
Mas também quando o fizer, há de ser p'ra sempre.

Tuesday, March 20, 2012

O que escreves?

Eu escrevo apenas o que sinto.
O que vejo, o que leio, o que ouço, o que saboreio.
Há tanta liberdade nisto como na vossa interpretação.

Pode?

Pode existir um mundo em que a conexão carnal possa andar a par com a conexão espiritual, amorosa, e de compromisso?
Ou parte-se já do principio que este será um mundo sem princípios ou respeito?
Um mundo em que não haja julgamentos por parte de quem não viveu, não sabe, nem sonha.
Um mundo onde há precipitação, momentos intensos e não há futuro.
Um mundo onde a única moral a ser cumprida é a nossa, e os princípios mesmo que desrespeitados sejam os nossos.
Um mundo em que o que não consideramos maldoso, quando nos é mostrada a outra face da moeda, continuemos a concordar com a nossa ideia inicial.
Um mundo em que a obrigação, o compromisso e o respeito, não andem de mãos dadas por não serem solidários com a hipocrisia e a falsa moral.
Um mundo em que não há mentira, pois todas as pessoas são incrivelmente francas e genuínas.
Um mundo em que o egoísmo é algo positivo, porque quem o pratica é mais feliz, e não precisa de magoar ou passar por cima dos outros para atingir essa felicidade.
Um mundo em que o nosso espaço é respeitado, exactamente por ser "nosso", e ao ser nosso, somente a nós dizer respeito.
Poderá a utopia ser palpável?
Ou os sonhos deixarem de ser gasosos?

Histórias de embalar

Uma história de embalar, das duas uma: ou deveria ser uma história enfadonha de modo a nos causar e dar sono; ou uma história incompleta, p'ra que quando fechássemos os olhos, pudéssemos imaginar o resto da história, até os nossos pensamentos conscientes se misturassem com os do inconsciente e acabássemos eventualmente por adormecer.
Um dia destes escrevo uma a sério. É que todas as noites o faço, só que o inconsciente liga-me directamente ao sono, e deixa-me o corpo dormente, de maneira que pegar numa caneta e num caderno se torna extremamente difícil.

Friday, March 16, 2012

Crianças..

Cada vez mais adoro a inocência das crianças.
Uma criança que não me conhece, que corre para o meu colo, me abraça e me dá um beijo, talvez porque tenha simpatizado com o meu rosto ou com o meu sorriso, é um dos actos mais puros a que já assisti.
Admiro-lhes a inocência e tenho pena que a mesma não seja administrada inconscientemente a mais adultos.
Adoro beijar uma criança na face, fazer-lhe festas no cabelo e tê-la ao colo, mesmo que sejam momentos de silêncio.
O crescimento tira-nos esta inocência, e um gesto destes com um adulto, incita logo maldade e segundas intenções.
Tenho pena.
Porque até há dias em que gosto de humanos já crescidos.

Wednesday, March 14, 2012

Poesia concluída

A poesia que há num copo de vinho pronto a ser degustado, só é mais bonita que num copo de vinho vazio, porque quando a alma se enche e os lábios não cerram em alguém que não teme o que diz, as palavras não vibram oralmente.
 
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