Thursday, February 18, 2016

A hora da monstra

Estava um frio invernal.
Os copos de vinho vinham-lhe aquecendo as entranhas e o frio da cerveja preparava-se para lhe acalmar a sede. A sede de não se poder continuar a destruir noite adentro.
A noite amarela e fria, com compassos quentes de calor humano e sobre-humano a pairarem sobre a esplanada.
Ao fundo, uma voz. Ao perto, outra.
Ouvia a que estava perto.
Ouvia aquela que lhe falava de aventuras loucas e impossíveis, dignas de filmes de comédias românticas, acompanhantes de luxo com um final honesto e o sumo do que é ser humano.
Ouvia e ria-se. Sorria muito, acenava com a cabeça e opinava.
Ao longe, ouvia a sua voz.
Aquela que a mandava calar, levantar-se da mesa, entornar a cerveja goela abaixo, caminhar até ao Tejo e descê-lo, com pedras da calçada nos bolsos.
Desencorajada pela sua própria essência, rumou a casa.
Lá, estava um calor infernal.
 
Site Meter