Saturday, November 26, 2011

20 copos a troco de tostões depois..


Às vezes acho incrível só poder ver o mundo através dos meus olhos.
Vejo toda a gente, vejo-lhes a cara, os olhos, as expressões, etc.
Nunca vejo a minha.
Vejo a minha mão direita a escrever, a esquerda a largar a cinza do cigarro.
Os meus olhos focam tudo o resto, menos aquilo que eu quero ver.
Esta linda personagem que escreve.

"Porque escreves sempre sobre coisas tristes?"

Porque ISTO é uma granda paródia!

Saturday, November 19, 2011

Vradeaeds.

Eostu tao leridata em aatipa que ate a ersecevr me eganno.

Friday, November 18, 2011

Vem com unhas afiadas

Tenho o coração a tentar rasgar-me o peito, e eu não sei com que cara lhe diga que ainda não é hoje.
Em princípio não é hoje.
Não sou eu que o dito.
Mas o gajo pula, pula, e não pára quieto.
Já não sei como o amansar, como o acalmar.
Como acalmar a inquietude dele.
Tento distraí-lo, mas quando sou eu que estou distraída, o gajo chateia-me outra vez.
Já tenho o peito todo arranhado.
Temo que um dia me rasgue o seio, só para poder espreitar cá p'ra fora, e tentar ver pelos seus próprios olhos, o que é que me prende.

Wednesday, November 16, 2011

"De onde venho, pouco importa."

"Porque é que escreves?" - perguntou-me ele.
"Porque fumas?" - perguntou-me ele.
"O chá está bom?" - perguntou-me ele.
"O que é que gostas de fazer?" - perguntou-me ele.

Apeteceu-me responder: "Gosto de fumar, beber chá e escrever. Mas isto tudo, sem ti."
Cortei a parte final e mantivémos uma conversa ridícula até eu acabar o chá e lhe virar costas, deixando-o como o encontrei.
Sozinho e confuso.

Olhe amigo, passa a dois!

pequenas criaturas

Dedos de criança que enrolam cigarros.
Lábios de menino, que sorvem o vinho.
Eles trazem seus sonhos, esperanças e fardos.
Eles deixam-me aqui, brincando sozinho.

Tuesday, November 08, 2011

Cristina & Sónia

Tina não atinava, e Sónia não sonhava.
Entre juras de amor, trocaram beijos e promessas.

Esta é a bonita história de duas amantes que se viram separadas pela razão da incerteza.

Tina vivia de dia.
Levantava-se cedo, alimentava-se de vitaminas e namorava o sol com seu largo sorriso.
Era vivaça, queria sempre mais, porém temia sair de casa à noite, o que tornava os seus dias cada vez mais curtos.
Deixava-os afundarem-se em horas perdidas, minutos gastos, movimentos ténebres e assustadiços, sempre com receio que sua vida passasse e nada fizesse.
Enquanto ela se preocupava, o dia passava, e quando o dia passava, a noite surgia.

Sónia adorava a noite.
Sentia-se criativa, glorificava o dia passado - ainda que infortuno - e abraçava os lençóis com uma força enorme, para poder amar em descanso, o repousar de seu corpo.
Mas o corpo não queria descansar.
O corpo queria mais.
O corpo queria actas.
Actas diárias, as quais Sónia não sabia preencher.
Tal como Tina, Sónia vivia na esperança de que chegasse a noite, mas esta para que pudesse chegar outro dia, e tornasse a anoitecer.
O fardo para ambas era tal, que em horários inversos se passeavam pela cidade, em busca de sinais que pudessem acelerar ou estagnar o tempo.
Num dia em que o pôr-do-sol se atrasou, Tina e Sónia trocaram olhares.
Olhares pesados que eram iguais.
Olhares caídos que queriam conforto.
Olhares devastados, que queriam compreensão.
Foi neste horizonte que trocaram palavras, pensamentos e horas.
Entre cafés, chás e torradas, o tempo permitiu que se expusessem uma à outra.
Sónia sentia-se desgastada pelo peso de seus olhos, Tina desgastada por não os querer fechar.
Juntas caminharam dias adentro, galgando minutos que pareciam eternos, e vivendo sonos em nada efémeros.
Viviam na felicidade de terem encontrado uma alma oposta e ainda assim, gémea, que as completava.
Juntas destruiram relógios, partiram persianas, queimaram cortinados.
- Que o sol e a lua entrem em nossas casas, como a nossa luz perpetuou a noite e o dia!
Os dias corriam ferozes, as semanas comiam as tardes, e as noites sugavam os meses.
Anos passaram, e rumando à felicidade, Tina e Sónia resolvem adoptar uma criança para viver em seu mundo cromático.
Inês de seu nome, trazia com ela o aspecto frágil e cansado das mães.
Por mais sóis, luas, solstícios que se passassem, nenhum raio de luz conseguia abrir uma fresta que fosse nos lábios daquela criança.
Tina e Sónia perdiam a esperança. O que as tinha unido era agora o que as queria separar.
Inês não cria no amor entre estas duas mulheres, e comparava-as frequentemente a azeite e água. Não conseguia conceber o amor destas duas pessoas tão distintas, que separadas eram um soro auto-destruitivo tanto para uma como para outra.
Discordava de suas ideologias e criticava suas "desrotinas" diárias.
O crescimento de Inês veio desenterrar o passado de Tina e Sónia.
Os dias começavam a ser mais curtos e as noites mais compridas.
Sónia já não sonhava, e Tina desatinava.
A casa dividiu-se em duas, e Inês engravidou.
Tina deambulava pela casa de pijama o dia inteiro, raspando a caspa de seus ombros e trincando bolachas de água e sal, enquanto aquecia o seu corpo com café bem quente, esperando que o final de tarde a forçasse a deitar-se para a fazer sonhar com um dia diferente.
Sónia de pijama andava também, com luzes baixas e fones colados aos ouvidos. Uma caneca de chá numa mão, um cigarro na outra, enquanto o rímel lhe escorria olhos abaixo à espera de uma amostra de sol, para que se pudesse ir deitar, e sonhar com uma noite diferente.
Inês afastou-se de suas mães. Fez-se uma mulher saudável e trouxe ao mundo uma linda menina chamada Luz.
Viviam os dias como deviam ser vividos, e seus lábios nunca mais fecharam.
Suas mães porém, nunca mais abriram os olhos.

Esta foi a bonita história de duas amantes que se viram separadas pela razão da incerteza.

Foste aos treinos? RM

Falar da boca p'ra fora,
assim espalho a minha dôr.
O que eu pensei outrora,
ouvidos de mercador.

Entra a cem sai a duzentos,
haja alguém que não se queixe.
Assim são meus pensamentos,
pela boca morre o peixe.
 
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