Wednesday, October 29, 2008

dôr

dói-me tanto.
sinto a carne a rasgar, a cabeça a inchar. as lágrimas caem, os maxilares desdobram-se em mil. a dôr não passa. anda adormecida.
afastem-se de mim, deixem-me passar. finjam que não estou cá.
idolatrem a minha máscara, mas não se aproximem
imaginem uma redoma em torno da minha pessoa. intocável. como a maçã de adão. envenenada.
leiam relatos, catástrofes.
desenganem-se aqueles que me dizem que tudo isto é minha ilusão.
nada é ilusão se não tem um porquê.
se tem um porquê é real, pode-se apalpar, mexer, consertar.
mas aqui não há um porquê, não há uma explicação. não há um kharma justificável.
não sabemos por que vidas andamos a pagar. não sabemos os erros que cometemos, se os que cometemos não foram graves. foram humanos.
sempre ouvi dizer que tudo torna para nós. todo o mal que distribuímos torna para nós.
eu não sei do meu.


hoje é o papel da vítima. normalmente é o outro.
há que ser original.

Kings Of Leon - Closer


nota: precisa-se paciência. já não há sono que me ature, lençóis que me embrulhem com gosto, nem letras que vomitem o que sinto. estou aborrecida, apática, sem forças.

2 comments:

Anonymous said...

Há-de chegar a hora do confronto, a redoma quebra-se, o frio entra. Não há fugas eternas, e esperar que o tempo resolva o nosso coma só nos faz apodrecer o coração. A dormência nunca foi resposta, nunca o será. Quem sou eu sem os outros... quem és tu??

la folie said...

anónimo, gosto das tuas palavras. porém.. como podes afirmar que a dormência nunca será resposta?
não descuro os outros, pelo contrário. mas antes de saber quem sou eu com os outros, preciso de saber quem sou eu sem os outros. e se a dormência não é resposta, nem esperar que o tempo resolva o nosso coma, qual é a resposta então?
será só orgulho o meu problema? teimosia?
por esta ordem de ideias, ou chega o dia do juízo final "rapidamente" ou teremos muitos corações apodrecidos.
um bem haja.

 
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