Monday, October 15, 2007

é mudo


procurei-te na multidão
travei-me para não te procurar
mas ergui o meu whisky e fingi divertir-me
porque me achei ridícula na procura do que não quero

se te vir não te digo, se te cheirar não vais saber
se te possuir não vai passar disso
porque não me deixo querer

dancei aqueles instantes que me destruíam
até vestir a melhor máscara que tenho
e esquecer-me da razão da minha vinda

fui-me embora mais animada.
hoje não sei onde pûs a máscara,
mas não há problema, porque estou sozinha

amanhã vou fumar os meus cigarros e mexer o meu café
e não vou partilhar esta dôr
nem dá-la a conhecer

estalo os dedos com uma frieza que me dá a conhecer o que os outros acham que conhecem de mim
não me guardo para ti nem ninguém
só eu sei o amor que sou capaz de transportar
e o tanto que tenho para dar

prefiro sofrer com dôr, do que sofrer por amor
prefiro sofrer por amar, sem ter um amor
que me possa fazer sofrer

2 comments:

Lisa said...

Ola minha querida... este teu poema ta lindo, não escreveria melhor os meus sentimentos... tirando o alcool e os cigarros, sinto-me igual.
beijinhos com mtas saudades!

linfoma_a-escrota said...

Porra iá muita bom, nada activa o génio como a dor, olha a sylvia plath
e tb adurei os teus tributos a godard


CONTORCIONISTA

No troço que se percorre pelo tempo
Acontece fecharmos os olhos para voltar a acordar,
Uns fazem de tudo por esquecer
Outros seguem simples pela estrada indicada
Sem duvidar nem olhar para os lados,
Não se atrevem a pedir boleia ao desconhecido
Que os destruíria com magnitudes cruas
De angústia refundida em seu ente infinito,
Seria tamanha insónia sóbria a desinfectar
Para controlar o movimento telepata e interminável
Que, até nunca, tremerá fiel e eternamente,
Ansioso por outra margem mal amada
De desafio, a perda dalguns daqueles aqueloutros
Que são e serão até nada ser por tudo
Ter que chegar certamente a um final prevísivel.

Os lençóis estão rasgados nas pontas do recurso,
Desesperam tanta força imaginar ter
Em situações herméticas e fantásticas que se passeiam
Frustradas através das horas que também bamboleiam,
Enquanto que nada do que se escreve se pôe em prática
Digero quantidades industriais de champô,
Transformo pessoas em trelas e salvo todas
As espécies da natureza da extinção da realidade,
Sem sequer limar os dentes que lá vão crescendo
Sozinhos na preguiça de algo no meu mundo surgir
De importante, sem alguém, só som perdido em sonhos coloridos,
A certa altura a dor acumula-se de surdina no que rodeia e
O colchão sofre de ser furado até às molas enquanto
Meus dedos se embrenham entre férreos fios desfiados
Que prendem a buzina do despertar, tomar banho, acordar talvez.

Agarro-me às estrelas, à sua energia vitamínica para não
Evaporarmos juntos no nada do passado e futuro onde
Toda a gente necessita vibrações, eu, gostava de adormecer
Entranhado nos nós de cada fantasma, conhecendo as caras
Das aldeias todas a fundo por um dia, ser alguém para o mundo
Num momento efémero que relembraríamos antes de dormir
Como porca poção ilusão capaz de afastar a naúsea e trazer paz.
Se me oferecessem a Lua como prenda de anos
Aceitá-la-ia com poderoso júbilo interior
A transpirar frágil leve indiferença morta e enterrada,
Talvez mesmo um sorriso de ocasião que não valorizo
Se escapulisse desta face no receio d’exposição
Da estátua marmórea greco-romana que não pára para pensar
Em nada, deixa emperrar o espaço representado;
Se me dessem para a mão um Plutão sem restrições
Faria beicinho e amuaria por alguma razão que
Meu inconsciente esquizofrénico e mal habituado
Inventaria das cinzas acesas duma impulsividade insuportável,
Esperaria pacientemente a quem reparar que pedisse
Para trocar comigo sem sequer ter que abordar vivalma;
Se me obrigassem a cuidar dum caixote do lixo como filho
Contentar-me-ia facilmente com um reles esgar de
Repulsa inicial que seria O sinal da injustiça permanente que existe
Perante a situação vigente, os telepontos de atenção focariam
O coitadinho que espera dilúvios que ninguém reconhece,
Escondendo-se na apatia finge que a pena é tudo o que lhe resta.
Vejo o positivo em tudo e o que escrevo é o contrário,
Choro por não o atingir,
Completamente perdido na lentidão
De ser deus desesperado sem razão,
Sem nenhuma qualidade evidente e
Mínima para arriscar tudo,
Insisto em chegar ao terminal
Inteiro, não arrependido
Por não ter mentido e me
Ter rendido à perseguição da perfeição
Que todos merecem.

Acima de tudo quero divertir-me,
Dar e receber ondas de prazer,
Que meus amigos confiem e gostem de mim,
Conseguir fazer com que alguém se ria,
Aborrecer-se é fado, dormir calmo e curioso
Afogado nas impossibilidades que subjugam a decisão,
Consciente do pesadelo que liberta o vazio,
Adorava existir, fazer parte de todos os átomos supersónicos
Que compõem esta matéria fenomenal, atrasando-me
No limite e sem conforto algum, problemas inexplicáveis a
Viajar sem rumo por terras estrangeiras, até na casa
Conhecer as diferenças e assimilá-las no centro do ego
Como artefacto ou relíquia irrisória que reflicta e acumule
Tudo o que existe de puro e natural no acaso
Que nos forneceu o pensamento, o poder de descaír
E a dádiva de respirar intermináveis sentidos.


No final da demanda
Sozinho ou acompanhado,
Divago com ter um só louco à minha beira,
Teimoso persistente iludido comigo,
Quero enganar alguém até ao fim e
Fazê-lo crer que descobri algo, que detenho
Conhecimento profundo e fundamental
Para o segredo das entidades doutras dimensões,
Ouvir-me-á ir embora e deixá-lo-ei sozinho
Com meu silêncio pelo qual também lutará,
Até que a Natureza cansada se vinge de funcionar,
Como se essas últimas palavras provenientes
Dum acumular de excêntricidades e desilusões cansadas da repetição
(ainda com sede, a desesperar, sempre...),
Do mais raquítico recanto da experiência e memória,
Simbolizassem alguma solução sábia
E tivessem tido a mais mísera importância para
Esse alguém, num certo dia de mais uma vida,
Por entre a gentalha de individualidades que enchem
Qualquer transporte público à hora de ponta alguém
Disse algo que outro alguém nunca mais haveria de
Conseguir esquecer;
Esta utopia só se sente e nunca será escrita
Porque nunca perdurará e acontece demais:
Cedo pérolas passarão despercebidas e serão
Totalmente esquecidas
Pelo nosso corpo
Único,
Egoísta,
Vulnerável mas imortal. 2003
in fotosintese

desculpa lá o tamanhu,


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