Wednesday, March 01, 2006

O que é a arte..?


O que faz dele dizer que é artista? Que lhe dá esse direito? Que lhe dá o direito de me-o esfregar na cara, cuspir-me como se eu nada fosse. Pisar-me. Mesquinhez. Mesquinhice. Mesquinho.
Desfaleço.
Puxa-me.
Mostra-me a arte. Mostra-me isso, mostra aos outros todos o que fazem, o que é a arte deles. Este quadro, aquele caco, aquela escrita, aquele pedaço de carne, aquela nota, aquele pão, aquele ponto, aquela vela, aquele barco, aquele voo, aquela mente, aquele passo, a sua cara, a sua mão.
Deu-me a mão e empurrou-me da janela. Aterrei de barriga num soalho que pensei ser mais duro do que já era. Conclusão: embati num chão mais duro do que era, mas o ressentimento foi apenas vocal. Um suspiro sonoro seco. Falei-lhe de música, calou-me com fita adesiva, obrigou-me a levantar e foi-me mostrar corpos quentes. Moles, sem sabor, não se mexiam. Parados apenas, com um leve fio de baba a sair de suas entranhas. Seguimo-las e encontrei-te. A ti e aos outros. Todos dementes. Dementes à procura e ensonados, acordados de um sono, que já haviam acordado à muito, mas nunca pasmado sobre. Uns rodavam, outros submetiam-se aos jogos tradicionais, dançando com um copo de vidro na mão, em cacos. Explosão de futilidade e ignorância aos factos que ocorrem. Tanta merda dita, não se chega a lado nenhum. Agarro na tralha, desisto atiro-me para a frente, acordo suado na minha cama, no meu quarto. Escuro, tapado com a luz da indiferença proveniente do resto da casa. Dirijo-me a uma superfície, passageira de peões, peço dinheiro para justificar os pensamentos que não deveria ter. Amanhã sonharei outra vez. Amanhã vais voar mais alto. Amanhã baterás com a cabeça na parede e verás que o outro lado da estrada está mais perto. Caligrafia.
Artistas reunidos, poetas. A poesia da vida, traz-me-a num pudim. Aborrece-me. Pára o tempo.

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