Tempos infinos, dedicados ao amor.
Rumos, caminhos, olhos abertos, trocados, com estigmatismo.
Chega a altura em que estima o amor-próprio, e tapa-se o gargalo da garrafa. Tudo meu, todo meu.
Continua-se a dar importância ao amor, ou não fosse ele, tema de conversa habitual com a própria pessoa.
Surge a primavera. Surge o frio. Surge uma nova etapa.
Um novo caminho, cheio de arco-íris e flores pretas.
Ao entrar por ele, venho descobrir uma nova faceta à qual não estou habituada, nem nunca me conheci.
Há paixões.
Há muitas.
Há desejo carnal.
Há a necessidade.
Há a necessidade dos carinhos, dos olhares, dos cheiros, dos sabores, do prazer, do MOMENTO.
Há o presente.
E não há o futuro.
As flores pretas caem-nos sobre a cabeça, como fortes pingos de chuva desalinhados. Aqueles que nos chateiam, mas que pouco tempo depois já não nos incomodam, pois são tantos e é tão recorrente que começa a fazer parte do clima-mãe.
Acabam-se as paixões. Mas continua a necessidade.
Acaba-se a necessidade. Mas continua sempre o MOMENTO.
O caminho nunca mais acaba. Mas já se vê o fim.
Já se vêem as últimas pedras da calçada.
Surge a tua mão. A tua mão suave que agarra a minha.
E apesar de toda a minha inconsciência, sentir o toque da tua mão, foi o que mais gostei neste caminho inteiro.
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
3 comments:
De todas as moradas... Um poço. Um cerco de estranhos musgos e pedras irregulares. A humidade não se sente. Cheira-se. O mofo destas paredes que me rodeiam são o sinónimo daquilo que sei do meu futuro. O mesmo. Estar aqui no fundo, e aguardar para que ninguém me lance uma corda. De qualquer das formas não sei trepar. A corda de nada me serviria, nunca fui muito astuto nem forte, ou capaz de tais proezas atléticas. O negro arranhado circundante é familiar e ao mesmo tempo ridiculamente confortável. É certo e sincero. Daqui sabemos o que nos poderá esperar. Pouco mais do que o que vemos na escuridão. E cá de baixo vejo luz, pouca, no alto, bem alto. A mesma que acendi, no dia em que decidi descer.
Uma paixão arrasta desejos e entre esses desejos o sexo não é exclusivo. Inconscientemente são os gestos de carinho que nos fazem sentir mais seguros.
bjs
Folie,
há momentos em que o reconhecimento do fim significa a única possibilidade de prosseguir...
não é matéria fácil de se digerir, admitamos, mas não meios de fuga.
Quem sofre de sentimentos sabe a luz e a escuridão; é preciso aceitá-las no tempo certo.
Belo texto.
Beijos.
Ricardo.
Post a Comment