Parece que as estendi ao vento num relvado qualquer e agora perdi o norte.
Como se estivesse estacionado o carro num parque de estacionamento com sete níveis e agora não o consigo encontrar.
Estava lá tudo o que eu queria dizer.
Está lá tudo o que eu estou a sentir.
Tenho algumas memórias do que estendi mas perco a concentração muito facilmente, e na altura devo ter prestado mais atenção às cores das molas do que propriamente aos tecidos em si.
Vim procurá-las no meio deste frio de Inverno dentro de um copo de vinho quente e de olhos inchados cobertos de tinta preta. Já ofereci um cigarro ao meu ambiente próprio e umas rodelas de chouriço ao estômago para alinhar os chacras necessários para o funcionamento da minha bússola interior, mas daqui ainda não consigo avistar esse relvado.
Talvez seja das luzes ofuscantes ainda de Natal ou dos Carlos todos que agora por aí apareceram.
Talvez seja do frio que gela partes do meu corpo que só passado três décadas descobri que tinha.
Talvez seja desta música que passa na rádio que é igual à de ontem é igual à que vai passar amanhã.
Talvez seja o meu músculo destreinado que já se tornou em gordura e agora não consegue voltar à sua forma inicial.
Talvez tenha sido este homem que me veio agora pedir indicações sobre o local onde parqueou o seu carro e com ele para além de trazer um pouco mais da ironia de eu não saber do meu, levou também mais uns metros de relva que eu já havia galgado.
Talvez elas não queiram sair.
Talvez eu tenha que ser assim.
Talvez eu seja assim.
Talvez para a próxima vez eu esqueça os campos verdes e estenda a roupa no asfalto.
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