Quando abri os olhos ainda estava dentro de água.
Esquisito, pensei. Ao me libertar desta goma, era suposto respirar somente ar. Mas era só água que existia à minha volta.
Nadei, nadei, nadei, e comecei a perder noção do mundo à minha volta.
A minha mãe já estava bem longe, os meus irmãos haviam seguido o seu caminho.
E agora que faço? Já sei, vou continuar a nadar.
Sinto falta de ter sido criança. Já ouvi estórias e pareceram-me todas bastante agradáveis. A ingenuidade, a descoberta, essas coisas todas bonitas que se perdem quando crescemos.
Não me lembro de as ter tido. Quando nasci, já era grande, e o ar que respirava estava todo dentro de água.
Nado sozinho, sempre nadei. Adoro o mar, por isso o persigo, sempre à espera que me mostre algo de novo. Mas por mais voltas que dê, acabo sempre por navegar nas mesmas ondas.
O que mais me custa é não conseguir fechar os olhos.
Mas também quando o fizer, há de ser p'ra sempre.
Saturday, March 24, 2012
Subscribe to:
Post Comments (Atom)
No comments:
Post a Comment