Saturday, December 22, 2007
vazia
vazia, vazia, vazia..
nunca te vejo, nunca lá estás, nunca te procuro, nunca te encontro.
mas quando sei que estás longe é quando mais quero que estejas perto.
logo eu, que só te quero longe de mim.
e do meu sono.
Friday, December 07, 2007
Wednesday, November 28, 2007
rascunhos
Aquele conforto
Saiu de casa, após horas a fio entre folhas soltas, beatas de cigarros, incensos queimados, música deprimente e um corte de cabelo novo.
A noite já ía longa, e só o vento e barulhos de carros em movimento bem longe da estrada, importunavam a fria, mas bonita noite.
Comprou uma cerveja e sentou-se num banco de jardim a fumar mais um cigarro. Ficou ali longos minutos até se começar a sentir incomodada pelo frio.
Ir para casa não era uma hipótese.
Pegou no telefone e enviou-lhe uma mensagem.
Chegou ao lar de um conhecido estranho onde foi recebida com um olá tímido, um beijo na face, e uma caneca de chá quente.
Sentaram-se no sofá a ouvir uma música calma, completamente nova para ela.
Ele embrulhou-a num cobertor e acariciou-lhe o cabelo até ela adormecer.
Era tudo o que ela queria.
O conforto do não-conhecimento da realidade
Ela adormeceu.
Levantou-se lentamente do sofá, aconchegando-a mais um pouco. Olhou para ela como se fosse um anjo ali perdido.
Suspirou profundamente, e foi para o seu quarto...
...onde ficou horas a fio, entre folhas soltas e beatas de cigarros, incensos queimados, música deprimente, e uma fotografia rasgada.
Sunday, November 18, 2007
odeio-te
Odeio-te.
Odeio o teu cheiro que se entranha nas minhas narinas e não desaparece facilmente, tornando-se incómodo.
Odeio o teu espreguiçar, principalmente quando rasgas um sorriso tímido.
Odeio os teus olhos semi-cerrados em tom de sedutor.
Odeio a maneira como passas a mão pelo teu cabelo.
Odeio a tua voz cheia de ritmo e meio profunda.
Odeio os teus olhos penetrantes e as tuas longas pestanas.
Odeio as curvas do teu dorso.
Odeio como te vestes despreocupadamente, mas mesmo assim estás sempre bem.
Odeio os teus ténis sujos e as tuas calças apertadas.
Odeio as tuas escolhas musicais.
Odeio a maneira como mexes o chá e respiras o ar puro das árvores com ar de satisfação.
Odeio a tua vida boémia, e as danças parvas que fazes.
Odeio ouvir o teu riso lá de longe quando estou a beber café com os meus amigos.
Odeio essa tua cara de menino grande.
Odeio o teu andar acelerado e o teu andar calmo.
Odeio o teu humor sarcástico.
Odeio quando me fazes rir.
Odeio todos os teus pormenores físicos, psicológicos, interiores e exteriores.
Odeio o sabor dos teus beijos longos.
Odeio os teus abraços apertados.
Odeio sentir a tua respiração forte e descontroladamente suave quando te digo que te amo.
Saturday, November 10, 2007
rosa vermelha
Tenho um amigo meu que fuma, que não se preocupa muito com a sua beleza exterior.
Preocupa-se mais com a interior.
E para esta finalidade, a medicação exacta que o mais comum dos mortais lhe daria seriam livros, exposições, documentários, estudos universitários, etc.
Ao invés disso, ele dedica-se a leves viagens interiores. Força-as sem sucesso, e consegue atingi-las sem se aperceber.
Viaja e deduz coisas que só se apercebe quando mexe durante largos segundos o café, enquanto fita a mão lesada da empregada que o serviu.
Este é o meu amigo que fuma, e só ele me tira de casa nestes dias.
Wednesday, November 07, 2007
vejo o mesmo que tu
até que sou uma miuda simples.
já me custou mais olhar para ti, agora não custa tanto.
agora já me habituei que não és o que quero. o que quero não, o que eu gostava que me passasse a mão pelo cabelo. quem eu gostava de levar a passear de carro a descer uma serra, com o vento a roçar a nossa pele, e a deixar-se envolver pelos nossos risos. quem eu gostava de levar a beber o meu chá preferido. quem eu gostava que visse todos os meus tiques e rituais de ser humano. quem eu queria que experimentasse todas as massas horríveis que cozinho, mas que só eu gosto. quem eu gostava que pudesse apreciar a minha cara de estúpida quando se ouve a Disappointment dos Cranberries sem eu estar à espera.
já passei a mão pelo teu cabelo sem tu sequer reparares que eu o estava a fazer. a tocar em cada fio, e a sentir a sua macieza. porque eu até sou boa miuda, só que não estou muito para mim virada. por isso é que já não me custa olhar para ti.
porque me quero virar para mim. e tu não queres. tu queres virar-te para ti.
já o sabes, mas não o queres saber.
porque também queres aquele conforto do corpo morto ao teu lado, que na realidade não é quem desejas.
e também existes tu. que não te conheço, mas que quero conhecer. porque tu se calhar é que és aquele a quem também passo a mão no cabelo. e passo.
mas trazes-me um olhar que há muito que não via.
és um contador de histórias.
e eu só me deixo envolver nisso porque preciso de imaginar algo naqueles instantes antes de adormecer.
e tu e eu? isso não existe. mas também nunca existirá.
e este que me deram a conhecer? Fritz Perls disse:
Eu faço o que me é próprio, e tu o que te é próprio.
Não estou neste mundo para satisfazer as tuas expectativas,
e tu não estás neste mundo para satisfazer as minhas.
Tu és tu, e eu sou eu.
E, se eventualmente nos encontrarmos, é maravilhoso.
Se não, não tem remédio.[a primeira foto foi retirada deste site http://olhares.aeiou.pt/quartadimensao. é uma fotografia de ricardo jorge, embora não conheça, gosto das fotografias. obrigada]
30.01.06
[30.01.06]
Pousado sob uma cor serena,
semeio o teu passo,
com diamantes brutos, irreconhecíveis pelo tempo e falta de espaço.
Regresso a mim e indago a nossa existência.
Cura para um sentimento que são mais sentimentos.
Caligrafo dezenas de palavras em rochas e frutas selvagens, dum ponto ao outro, esmagando-os uns contra os outros na espera de uma sucessão.
Do alcance de um nível... a nível espiritual mas não conjugal.
Alheio-me de tudo e foco as gotas de água que trespassam o meu cabelo, roçando o meu rosto como uma força maligna que ao cair, aterram num espaço limpo e tranquilo.
Adormeço e recupero...
Respira-se um novo ser.
Monday, October 15, 2007
é mudo
procurei-te na multidão
travei-me para não te procurar
mas ergui o meu whisky e fingi divertir-me
porque me achei ridícula na procura do que não quero
se te vir não te digo, se te cheirar não vais saber
se te possuir não vai passar disso
porque não me deixo querer
dancei aqueles instantes que me destruíam
até vestir a melhor máscara que tenho
e esquecer-me da razão da minha vinda
fui-me embora mais animada.
hoje não sei onde pûs a máscara,
mas não há problema, porque estou sozinha
amanhã vou fumar os meus cigarros e mexer o meu café
e não vou partilhar esta dôr
nem dá-la a conhecer
estalo os dedos com uma frieza que me dá a conhecer o que os outros acham que conhecem de mim
não me guardo para ti nem ninguém
só eu sei o amor que sou capaz de transportar
e o tanto que tenho para dar
prefiro sofrer com dôr, do que sofrer por amor
prefiro sofrer por amar, sem ter um amor
que me possa fazer sofrer
Thursday, October 11, 2007
botteled pride
ando a consumir orgulho diariamente e várias vezes ao dia. ando a espiolhar onde não devo. ando-me a magoar porque quero tirar a dôr maior que tenho. não o digo a ninguém, ou sussuro apenas pequenos pedaços dela.
estou com saudades de algo que não conheço, de algo que ando a tentar esquecer o cheiro. de algo que não me sai da cabeça por mais que queira. estou-me a tornar impotente nisso e isso irrita-me severamente. por isso bebo orgulho aos litros!!
Thursday, September 20, 2007
ashes to ashes
hoje ouvi dizer:
é excelente...
Is your skin your skeletons
Splinters my daydreams
Under surface see is it any seed
Shadows fly across the wall I walk outside and try to see you right in front of me
Silhouette of something sweet and so bright
Don't know what to offer you I'm only broke and lonely
And another one goes, and another goes by
Sometimes when I step outside I see you standing right in front of me
And another one goes, and another one goes by
Don't know what to offer you I'm only broke and lonely
And another one goes, and another one goes by
Sometimes when I walk outside I see it right in front of me and so bright
And another one goes
And another one goes
And another one goes by
Another One Goes By - música e letra de Quentin Stoltzfus
deprimir tem um lado bom: ouve-se sempre musica porreira
é um estado de egoísmo
absoluto
é excelente...
Is your skin your skeletons
Splinters my daydreams
Under surface see is it any seed
Shadows fly across the wall I walk outside and try to see you right in front of me
Silhouette of something sweet and so bright
Don't know what to offer you I'm only broke and lonely
And another one goes, and another goes by
Sometimes when I step outside I see you standing right in front of me
And another one goes, and another one goes by
Don't know what to offer you I'm only broke and lonely
And another one goes, and another one goes by
Sometimes when I walk outside I see it right in front of me and so bright
And another one goes
And another one goes
And another one goes by
Another One Goes By - música e letra de Quentin Stoltzfus
Wednesday, September 05, 2007
é tão fácil rir e odiar
entrei numa roda-viva assim de repente, que já nem me lembro por onde queria começar.sei que estava no café e me estavam a agoniar as conversas que eu conhecia falsas, ditas com tanta certeza e verdade mentirosa. começou-me a faltar o ar relembrar tudo o que aprendi.aperceber-me que é tudo uma falsidade. que as pessoas são falsas, mentirosas, hipócritas, egoístas, que não têm amor-próprio nem sabem lidar com isso... todos todos todos todos os humanos são um ser horripilante. passam é metade do tempo cobertos com penas de pavão lindíssimas e ninguém dá por nada. será que somos todos?
levar estaladões quando não se dá por nada, e apercebermo-nos disso para não passarmos pelo mesmo outra vez...? inútil. neste momento há-de haver alguem a enganar-me/te e nem sequer nos apercebermos.
a outra parte és tu. ainda não te disse para saires do meu corpo, mas pelo menos o teu cheiro já faço por não o sentir. enerva-me este sentimento, porque não o quero ter. e se o quisesse ter não o queria. porque o que eu quero é estar comigo..
Saturday, July 21, 2007
it never really began
pûs a parte da minha alma que quis ignorar no elevador e elevei-a.
assim fica a ver-te, enquanto o meu corpo dança..
ou isso ou a ideia brilhante que ando a tentar fomentar à minha sanidade.
a paixão platónica inconcebível.
é das melhores expressões.. a da areia nos olhos.
[mas é tão bom dançar que por momentos tapa isso tudo..]
são grãos de areia enormes que só são mais destapados ainda por hormonas.
vá, desliga lá isto, já chega de brincadeiras quero ir dormir...
acorda-me daqui a uma semana.
Saturday, June 16, 2007
paixão platónica inconcebível
Thursday, May 24, 2007
not for you, my love, not tonight
Thursday, April 19, 2007
miudas suburbanas part I
Dói-me a cabeça, tronco e membros de tanto pensar..
.. e pensar que batalho por algo que não existe.
Ainda não deixei de acreditar que é possível, mas já esteve bem mais longe o dia de acreditar com mais dentes e forças que assim o era.
Já não sei o que digo. Tenho palavra mas não acredito em mim. Já tomo o dito por não dito.
Estou sentada neste banco, num ambiente que normalmente me fascinaria e sinto-me neutra.
Banco de metal, carris envelhecidos, grilos e batida urbana, pernas doridas que percorreram o dia esperando a noite chegar, para matar saudades.
Saudades que não deveriam ser mortas, mas sim deixadas de molho. Pelo menos num universo paralelo. Para que esta pessoa que se deliciaria num dia normal com os tons alaranjados e castiços que a noite fresca de Lisboa lhe proporciona, não pudesse magoar ninguém...
E o dia do julgamento final que nunca mais amanhece e se faz homem...
Tuesday, January 02, 2007
combustão cerebral prestes a explodir
Quase quase e não sei onde pára.
Acho que perdi o raciocínio lógico.
Não faço ideia onde o deixei.
Se calhar foi perto da caixa de comprimidos que o Napoleão me dá a tomar, porque há pouco sabia onde estava.
Sinto bebedeira de conjugações verbais, sentimentos e emoções.
A caligrafia foge da minha mão.
Onde é que foi toda a gente que morava ao pé de mim?
Porque é que o meu corpo não pára de tremer?
Vais jantar? Só pergunto porque não sei se me apetece jantar contigo.
Eu quero estar contigo, mas ao mesmo tempo não quero. Porque sei que quando estiveres por perto eu não vou querer estar. Ou melhor, o meu lado racional não vai querer estar.
E eu que o perdi!!
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